Ela tem apenas 24 anos, mas já escreveu o seu nome na história do futebol da Paraíba. Ruthyanna Camila Medeiros da Silva é a primeira mulher a atuar como árbitra central em uma partida da 1ª Divisão do Campeonato Paraibano. Ela comandou o empate por 1×1 entre Atlético de Cajazeiras e São Paulo Crystal, no estádio Perpetão, a 468km de João Pessoa, no último dia 24.
“Sabemos que o futebol, assim como a nossa sociedade, é machista. Por isso, me sinto tão feliz em abrir essa porta para as mulheres na arbitragem paraibana. Que eu possa servir de inspiração para que outras tomem coragem e sigam nessa carreira”, disse Ruthyanna, que entrou para o quadro da CBF em 2016. “Eu vinha me preparando muito para esse momento e sei que agora a responsabilidade só aumenta”, completou.
Apesar da pouca idade, Ruthyanna fala com a propriedade de veterana. “Sei que muito aprendizado só virá com o tempo de carreira. O que eu tenho feito é trabalhar para equilibrar quatro pilares: físico, mental, social e técnico. Nem um árbitro é perfeito, mas se estiver equilibrado as chances de tomar as decisões corretas em campo aumentam muito”, disse a árbitra, que não esconde a inspiração em uma colega de profissão.
“Edna Alves é uma das minhas referências. Participei de um curso com ela em 2016. Temos uma realidade parecida: viemos de cidades do interior e começamos do zero. Quero trilhar passos tão vitoriosos quanto os dela”, disse Ruthyanna, que é potiguar de nascimento, mas está radicada na cidade de Patos, no interior paraibano, há quase dez anos.
O presidente da Comissão de Árbitros da Federação Paraibana de Futebol, Arthur Alves, elogiou Ruthyanna. “Ela mereceu a chance que recebeu. É uma árbitra muito boa tecnicamente e que vem evoluindo a sua questão física. Apesar de jovem, é muito concentrada em campo, fruto até da experiência que adquiriu nos campeonatos amadores. Minha obrigação é dar a vez a quem está pedindo passagem. Isso serve para mulheres e homens, afinal competência não tem gênero”, disse Arthur, que também é Secretário Geral da ANAF.
O INÍCIO
A relação de Ruthyanna com o futebol não começou com o apito nas mãos, mas correndo com a bola nos pés. Ela atuava em equipes amadoras como volante. Até o dia em que foi assistir uma partida e um dos integrantes do quadro de árbitros faltou. Acabou recebendo o convite para ser assistente por 90 minutos.
“Foi paixão de imediato. Eu soube ali que queria trilhar uma carreira na arbitragem”, disse. “Dizem por aí brincando que árbitro é um jogador frustrado, que não vingou. Aviso logo: eu era boa de bola e só parei mesmo porque a vontade de ser árbitra falou mais alto”, completou, aos risos.
Ruthyanna é médica veterinária e está em fase de conclusão de mestrado. O tema é Ciência e Saúde Animal. Ela vai fazer a defesa do seu trabalho no segundo semestre deste ano. “Estou com os dias bem corridos, estudos, trabalho e arbitragem, mas tudo tem valido muito a pena”, falou a árbitra.
A ANAF deseja sucesso a Ruthyanna nos estudos e na arbitragem.