O Primeiro Turno da Série A do Brasileiro em 2022 deu oportunidades a menos profissionais do que nas primeiras 19 rodadas da temporada passada, aumentou a concentração das escalas em representantes do eixo Sul-Sudeste e praticamente baniu as mulheres do campeonato. Os números são do Mapa da Arbitragem produzido pela ANAF com base nas 190 escalas iniciais da elite do futebol brasileiro.
“Esses números são uma agressão a quem sonha e luta por uma arbitragem verdadeiramente nacional. Está claro para nós que o sotaque e o gênero têm pesado mais do que a competência na hora de serem feitas as escalas. Se estivermos errados nessa avaliação, desafiamos a CNA a mostrar os critérios que têm embasado as suas decisões na hora de distribuir as oportunidades para os árbitros na Série A do Brasileiro”, disparou Salmo Valentim, presidente da ANAF.
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Os números realmente chocam. No Primeiro Turno de 2022, entraram em campo 26 árbitros e 53 assistentes, enquanto no da temporada passada, 38 e 74, respectivamente. Na cabine do vídeo, também houve diminuição: de 24 para 22 VARs e de 33 para 25 AVARs. “Nem 15% do quadro nacional tem sido aproveitado. Os demais são figurantes da arbitragem brasileira há anos. Deveriam ter coragem de não aceitar tamanho desrespeito colocando seus escudos à disposição da CBF”, disse Salmo.
Em comparação à temporada passada, a concentração de árbitros do eixo Sul-Sudeste subiu de 70,5% para 73,2% em 2022. No caso dos assistentes, foi ainda pior: de 65,7% para 74,5%. “Será que só existe profissionais competentes em 5 estados do País? Nem estou contando Espírito Santo e Minas Gerais, porque esses também são coadjuvantes, recebendo apenas migalhas da CNA. A verdade é que, enquanto a arbitragem brasileira não for independente e tratada de forma profissional, viveremos essas distorções, que se refletem em campo com uma sucessão de erros que colocam a arbitragem brasileira em déscredito total”, concluiu Salmo.