O que era ruim ficou ainda pior. O Primeiro Turno da Série B conseguiu agravar a concentração de escalas em profissionais do eixo Sul-Sudeste quando comparado a temporada passada. Nas 18 rodadas iniciais de 2022, sem que fosse dada a devida transparência aos critérios das escolhas, mais da metade das oportunidades foram para as duas regiões: 55% das de árbitro, 53,6% das de assistente,78,3% das de VAR e 75% das de AVAR.
Somado a isso, os números do Mapa da Arbitragem produzido pela ANAF revelam a subutilização do quadro nacional na Série B – menos de 30% dos profissionais receberam ao menos uma escala. Pior ainda para as mulheres: apenas 1 árbitra, 13 assistentes, 1 VAR e 2 AVARs trabalharam nas 180 partidas realizadas. No VAR, 17 estados não receberam uma oportunidade sequer.
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As estatísticas são piores do que as de 2021 e revelam que o problema não se resolve apenas mudando nomes na cúpula da CNA, como aconteceu em abril com a chegada de Wilson Seneme à presidência. É preciso mudar a mentalidade de quem verdadeiramente dá as ordens.
“Não vou dizer que é mais do mesmo porque conseguiram a proeza de piorar os números. As oportunidades na Série B, assim como nas principais divisões, resumem-se a poucos profissionais de poucos estados. A grande maioria dos árbitros e assistentes não passa de figurantes. Isso só vai mudar no dia em que esses profissionais tiverem coragem e entregarem seus escudos à CBF. Não dá para levar uma carreira inteira se sujeitando a migalhas”, afirmou o presidente da ANAF, Salmo Valentim.
“Falta dar transparência aos critérios que pautam a formação das escalas. Sotaque não tem competência e se não forem dadas oportunidades para os profissionais de fora do eixo Sul-Sudeste, como eles vão mostrar do que são capazes? Tem muita gente boa que não está sendo aproveitada, enquanto a arbitragem nacional cai em descrédito pelos erros dos mesmos de sempre. Até quando a arbitragem brasileira vai ser conduzida por predileções pessoais em vez da meritocracia?”, indagou Salmo Valentim.